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Adolescência em Contexto Escolar: Suicídio na Adolescência

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Suicídio na Adolescência

Considerado como um fenómeno complexo e multifacetado, o suicídio representa para a sociedade portuguesa a segunda maior causa de morte nos jovens entre os 15 e os 24 anos. Embora, nos últimos anos, o número de suicídios em Portugal tenha diminuído, as tentativas de suicídio e os comportamentos de risco (ou parasuicídas), nesta faixa etária, têm aumentado.

A TENTATIVA DE SUICÍDIO: SINTOMAS E SINAIS DE ALERTA

Daniel Sampaio refere que o período da adolescência é uma fonte inesgotável de criatividade individual e familiar, um cenário de trocas afectivas intensas e onde a vida e a morte surgem constantemente. É exactamente neste quadro complexo que tantas vezes surge a tentativa de suicídio. Neste contexto, parece-nos fundamental referir o problema da depressão tendo em conta que «não existe adolescência normal sem depressão, se considerarmos o conceito mais lato de depressão, que se caracteriza por uma baixa de auto-estima». Nesta perspectiva, parece-nos legítimo falarmos de momentos depressivos na adolescência, como resposta a situações de frustração e perda que ocorrem durante este período pelas mais variadas razões. Estes momentos depressivos são, na nossa perspectiva, fulcrais já que, se por um lado e, em alguns casos, o adolescente consegue autonomamente ultrapassá-los, por outro, muitas vezes, tais frustrações acentuam-se e culminam num estado clínico de depressão agravado por outras situações negativas que, entretanto, vão ocorrendo e que, em muitos casos, não são perceptíveis nem fáceis de detectar. Contudo, são conhecidos os sintomas mais comuns que denotam, à partida, as chamadas crises da adolescência, pelo que deveremos estar atentos. Verifica-se frequentemente, por exemplo, alterações de humor onde, em alguns casos, passa a predominar a tristeza e, consequentemente, uma forte tendência para chorar. Outros sintomas que consideramos pertinentes prendem-se com o uso de drogas e álcool, com um estado permanente de ansiedade que, muitas vezes, é demonstrado através de alterações bruscas de comportamento e até da própria personalidade, e, finalmente, com uma certa despreocupação, senão abandono, pouco usual da sua própria aparência física.


É difícil compreender e aceitar o suicídio de um adolescente, mas nunca nos devemos esquecer que o aparente bem-estar de um jovem pode esconder um grande sofrimento interior e só uma relação de maior proximidade poderá detectar. Assim, todos nós, pais, professores, amigos e familiares devemos, então, estar disponíveis e atentos a tudo o que se passa à nossa volta, para tentarmos evitar um gesto fatal.

É do conhecimento geral que, para estes adolescentes cujas perturbações emocionais condicionam um fraco rendimento escolar e problemas na escola, «aprender a viver», como refere Sampaio (1991), será o primeiro e decisivo passo para a sua evolução. Para isso, é essencial a reconstrução de uma identidade básica que facilite um novo modelo de relação com o adulto que lhes está próximo, para que possam progressivamente recuperar a confiança, primeiro em si mesmos e só depois nos outros em geral, no mundo. Sabemos que o trabalho é longo e nem todos conseguirão sobreviver ou recuperar para a sua própria vida, para a escola, para uma profissão, para a sociedade. Mas é de pequenos gestos que se podem mudar alguns destinos que, deixados à sorte, levarão sucessivamente ao absentismo, insucesso, desinserção socioprofissional, toxicodependência, marginalidade, tendo como destinos últimos os hospitais, a prisão, a rua ou simplesmente, e o que mais tememos, a um cemitério.

Sandra Alves Soares

1 comentários:

Anónimo disse...

Um problema que de difícil resolução e que carece de um debate alargado.
Penso que este espaço poderá dar um magnífico contributo.

JC

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