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Adolescência em Contexto Escolar: dezembro 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

A importância da família na vida do adolescente

A importância da família na vida do adolescente

Olá colegas.

Na minha última intervenção, o foco de atenção foi o papel da escola na vida dos adolescentes. Hoje proponho uma reflexão sobre o outro “eixo”, aquele que deveria ser, sem excepção, o “elo mais forte” na vida de todos nós (sobremaneira, dos adolescentes) - a família.
A acção educativa é tarefa de toda a sociedade, de todas as instâncias educativas por onde passa a criança. No entanto, ninguém nega a evidência de que à família cabe a primeira e permanente responsabilidade de orientar e desenvolver competências que permitam a construção de um projecto de vida consentâneo com as suas potencialidades e aspirações.
Desde o nascimento que a criança é um activíssimo receptor de estímulos e muito do que se passará no seu futuro estará altamente condicionado por este primeiro período da nossa experiência vital. Ballenato (especialista em Psicologia Educativa) considera mesmo que a infância é o período de treino mais importante para se aprender a viver o resto da vida”.
Assim, tal como fiz em relação à escola, proponho a seguinte reflexão: Estarão as famílias a cumprir o seu papel no respeita ao desenvolvimento pessoal, afectivo, social, relacional, cívico dos seus filhos? Terão vindo a ser implementadas verdadeiras políticas de família? Políticas que permitam aos pais que querem ter filhos, as condições necessárias para que possam fazer este acompanhamento aos filhos?
Nesta linha de pensamento considero oportuna a expressão do filósofo espanhol Ortega e Gasset : “eu sou eu e as minhas circunstâncias…”. (cada um interpretará como quiser e puder).

Não se trata, tal como considera a Doutora Teresa Sarmento, de encontrar e apontar culpados. Nem sequer se ambiciona uma resposta cabal para esta questão. Antes se pretende uma reflexão responsável e positiva sobre esta realidade que, não sendo nova, sempre se apresenta pertinente.

Maria

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Depressão na Adolescência

Saúde - Estudo explica manias na infância e na adolescência - RTP Noticias, Vídeo

Saúde - Estudo explica manias na infância e na adolescência - RTP Noticias, Vídeo

Ajudar os pais/professores a compreenderem melhor os adolescentes e o seu “mundo”




Caras colegas:

Permitam-me que hoje partilhe convosco algo que parece ter algum alicerce de (inter)ajuda para compreendermos um pouco melhor os nossos adolescentes.
Muitas das vezes, nas nossas escolas, somos confrontados com pensamentos como estes: “os adolescentes de hoje não são como os do meu tempo…”, esta é uma geração ‘rasca’”…, “que hei-de fazer para acompanhar e compreender os meus alunos… e os meus filhos?…”. Estas e outras afirmações/perguntas ouvem-se com muita frequência.
Para tentar ajudar a responder a este vasto leque de perguntas, procurei investigar um conjunto de bibliografia da especialidade, e com casos concretos e práticos, a qual poderá servir de suporte, resposta, compreensão a esta fase de (trans)formação que é a adolescência.

Passo pois a partilhar algumas referências bibliográficas:

Bayard, R. T . & Bayard, J. (1991). Socorro! Tenho um filho adolescente. Mem Martins: Terramar. (Obra original em Inglês 1981).
Claes, M. (1985). Os problemas da adolescência. Lisboa: Editorial Verbo.
Gammer, C. & Cabié, M. C. (1999). Adolescência e crise familiar. Lisboa: Climepsi Editores. (Obra original em Francês 1992).
Nágera, A. V. (2001). Sou mãe de dois adolescentes. Lisboa: Artes Gráficas, Lda. (Obra original em Espanhol 1999).
Nágera, A. V. (2003). Os adolescentes e os pais. Lisboa. Editorial Presença.
Sampaio, D. (1998). Vivemos livres numa prisão (2ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2000a). A arte da fuga (3ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2000b). Ninguém morre sozinho. O adolescente e o suicídio (10ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2000c). Inventem-se novos pais (12ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2000d). Voltei à escola. Lisboa (6ª ed.): Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2001). A Cinza do tempo (6ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2001a). Tudo o que temos cá dentro (3ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2001b). Vozes e ruídos: diálogos com adolescentes (12ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2002). Lições do abismo. Lisboa: Editorial Caminho.
Sampaio, D. (2006). Lavrar o mar: Um novo olhar sobre o relacionamento entre pais e filhos. Lisboa: Editorial Caminho.


Boa pesquisa e boa leitura

Paula Arnaud Dias

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Qual o sentido da Escola na vida do adolescente









A escola é, para o adolescente, o território que acolhe tudo e onde ele se sente à vontade para exercitar as suas (con)vivências. É nesse território que se dão encontros e relações, e, ao mesmo tempo, onde o adolescente questiona os valores e começa a construir seu projecto de vida.
Quem sou eu? O que eu posso ser? O que fazer para ser o que eu quero? O que eu quero para o meu futuro? Como me posso preparar para realizar o meu projeto de vida?
A escola, enquanto geradora de questões, pensamentos, sentimentos e acções, ajuda o adolescente a chegar a essas questões e a procurar as suas próprias respostas. Como uma obra em construção, a adolescência acontece no indivíduo principalmente no terreno da escola, onde o adolescente passa boa parte de seu dia, e cabe a esta, estar atenta e dar resposta às necessidades dos adolescente.
O adolescente passa por uma redefinição da sua imagem corporal. Ele começa um processo de individualização, rompendo vínculos e procurando a sua própria autonomia.
O adolescente também está na fase de comparar valores para estabelecer o seu próprio código de ética.
Na adolescência, o adolescente procura a identificação e segurança em grupos de iguais.
Todos estes movimentos e transformações são vividos pelo adolescente perto dos professores que são os transmissores de novos valores, para comparar com os que trazem de casa, e dos colegas, os quais se tornam uma referência nessa período da vida.
Nesse universo, o adolescente obtém um leque de conhecimentos que lhe interessam: os pedagógicos e as aprendizagens que não estão no currículo - a escola é o principal espaço de construção e partilha de conhecimentos sobre a vida futura.
A família, claro, continua a ser a eterna referência, mas é o tempo de acompanhar tudo com um novo desafio: de perto, mas permitindo aos adolescente enfrentar as novas situações e descobrir as suas potencialidades para enfrentar a vida adulta.
Perante tudo isto, poderá surgir uma questão: Será que a Internet, como palco global de encontro, conhecimentos e relações, não esvazia o papel da escola na formação e educação do adolescente? Não, muito pelo contrário. Com o advento da comunicação via MSN, orkut e outras formas virtuais, o papel dessa referência poder-se-á aprofundar. Porque na escola as relações são "concretas", face a face! E a Net potencializa outras formas de comunicação e de aprendizagem. Assim, ela deverá funcionar como um reforço e complemento da escola presencial.
É neste ambiente que os adolescentes aprendem e se redescobrem no intuito de resolver os seus problemas com independência, ampliando o conhecimento, ouvindo, negociando, cedendo, participando, cooperando, perseverando, respeitando,… Aprendem a serem solidários e conscientes dos seus direitos, deveres e responsabilidades. Por outras palavras: têm a possibilidade de se tornarem cidadãos do futuro.


Bom trabalho
Paula Arnaud Dias

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Anorexia Nervosa: uma Adolescência Perdida...

Educar para a Adolescência

Olá colegas!
Sendo a adolescência uma fase complexa do desenvolvimento dos jovens, talvez mesmo a mais complexa, é necessário que seja bem acompanhada, de forma a evitar os “desvios” que, muitas vezes, começam exactamente nesta fase.
Claro que, como co-educadores (os primeiros educadores são, a meu ver, sempre os pais/encarregados de educação), cabe também aos docentes orientar os jovens, ajudando-os a viver a sua adolescência em pleno.
Coloca-se-nos, contudo, uma questão: Qual a melhor maneira de acompanhar os adolescentes nesta fase tão extraordinária, mas também tão problemática da vida?
Acima de tudo, há que informar os jovens sobre o que se passa nesta fase do desenvolvimento humano, ajudando-os a encarar as transformações físicas e psicológicas como algo de natural e, portanto, desejável.
Mas é igualmente importante ajudá-los a compreender que a adolescência pode ser o início de muitos traumas e comportamentos desviantes, que geralmente conduzem a caminhos perigosos (toxicodependência, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, …), que não poucas vezes acabam por ser mesmo caminhos sem retorno.
É evidente que só podemos informar se estivermos nós também informados. Não esqueçamos que muitos pais/encarregados de educação não têm possibilidade de orientar os jovens quanto a este assunto (e outros também), por força de circunstâncias de cariz social (baixo nível de escolaridade, problemas sociais e/ou económicos, isolamento geográfico, …). Isto significa que, embora sem substituir o papel fundamental da família no desenvolvimento dos jovens, enquanto educadores podemos e devemos contribuir para que as várias dúvidas sejam esclarecidas. Por isso, é fundamental mantermo-nos actualizados sobre a adolescência e os seus problemas.
Claro que não há “varinhas de condão”, nem “receitas” para resolver os vários problemas da adolescência, mas acima de tudo há que estar alerta para possíveis sinais de comportamentos desviantes. Acredito que, com base no diálogo, na sinceridade e na confiança, podemos contribuir para que os nossos jovens vivam a sua adolescência com a alegria e entusiasmo que lhes são próprios, ultrapassando com segurança as etapas mais críticas que vão surgindo, inevitavelmente.
Bom trabalho!

O culto da imagem: Anorexia e Obesidade

Um problema de saúde que deve preocupar a sociedade contemporânea é a anorexia e a sua «associada» bulimia. A anorexia nervosa é uma disfunção alimentar provocada por uma dieta alimentar insuficiente e rigidamente seguida. Numa sociedade, cada vez mais hedonista, em que a imagem é fundamental, o culto do corpo tem-se tornado uma obsessão para muitas pessoas. A corrida aos ginásios não pára de aumentar, em idades cada vez mais precoces, as operações de reparação estética são cada vez mais requisitadas. Hoje, mais do que nunca, existe um ideal de beleza baseado na magreza das pessoas. Longe vai o tempo em que se considerava que a gordura como sinónima de formosura. Os estereótipos de beleza, associados a um período de formação de identidade e de integração em grupos de iguais, podem tornar-se tremendamente perigosos para os adolescentes. As chamadas de atenção, para esta problemática, têm vindo a surgir nos media que nos dão conta de algumas campanhas de sensibilização para o perigo de morte provocados por estes distúrbios alimentares.
Em Espanha as modelos que tenham um peso inferior ao normal foram proibidas de desfilar. Há também vozes que se erguem contra os retoques possibilitados pelo Photoshop que permitem, por exemplo, publicar fotos de beldades com as designadas «cinturas de vespa». Algo começa a ser feito para combater este flagelo, mas urge dar início a um trabalho mais consistente. Este trabalho poderá ser iniciado e fomentado nas escolas, essencialmente através de uma verdadeira educação alimentar. Penso que a presença de um profissional da área da nutrição, ainda que não seja a tempo inteiro, nos agrupamentos de escolas, poderá ser fulcral na senda da alimentação equilibrada.
Quando me refiro a uma alimentação equilibrada, não equaciono apenas os perigos resultantes da privação de alimentos. Não nos esqueçamos que no outro extremo, ou talvez não, está o grande problema de saúde pública das sociedades ocidentais: a obesidade. Os perigos para a saúde inerentes à obesidade, especialmente quando esta evolui para a designada «obesidade mórbida», são imensos. Paralelamente, outro problema surge associado às pessoas obesas, especialmente no que concerne aos adolescentes, a imagem que os colegas têm deles e a auto-imagem que estes vão construindo podendo resultar destes dois vectores uma carga psicológica negativa e muito destrutiva da auto-estima do adolescente obeso.

Marlene

Um pouco mais sobre o conceito"adolescência"









A adolescência é uma etapa da vida na qual se observam mudanças fundamentais. O aspecto mais perceptível é que tudo se modifica necessariamente. Contudo, é difícil determinar quando começa ou quando termina esta etapa.
A adolescência é um tempo de transição. Esta transição está inerente na etimologia da própria palavra que deriva do latim “ad”:para olescere (olere): crescer. Numa primeira definição podemos dizer que a adolescência é a transição ou processo de crescimento.
A adolescência é um tempo de intensas transformações, as quais irão levar o adolescente a reafirmar os seus valores, a escolher a sua maneira de tomar responsabilidades, a alcançar a sua autonomia e a estabelecer a sua identidade, objectivo fundamenta desta etapa vital.
Para compreendermos melhor a adolescência considerarmos que esta transição é como iniciar uma viagem por um local desconhecido onde as inseguranças, as instabilidades, os mal-estares, os medos e as incertezas são componentes fundamentais deste tempo, bem como o entusiasmo, a coragem para vencer desafios, o aventurar-se em novos rumos, a ideação de construir novos projectos e essa energia que muitas das vezes surgem tão frequentemente. Temos portanto, todos nós educadores, estar atentos a estes “desafios” e tentar diagnosticá-los, compreendê-los e avaliá-los nos nossos jovens.
De qualquer forma, só com ajuda, o adolescente poderá alcançar o equilíbrio, o entendimento, a aceitação, o sofrimento e a resolução quer das novas quer das antigas questões que surgem. Para ele, o fundamental poderá passar pelo recorrer aos seus próprios recursos e acreditar nas suas capacidades.
O importante é que a adolescência se converta num período de “autonomia vigiada”, durante o qual os adolescentes se sintam apoiados nas suas tentativas de darem novos passos autonomamente, mas com a certeza de que estão a ser acompanhados pelos pais, pelos amigos, pela Escola, que não o vão censurar, mas sim acompanhar e orientar nesta fase de crescimento e afirmação pessoal.
Cabe a todos nós, com responsabilidades educativas, saber estar vigilante e contribuir de forma determinada e rigorosa para a valorização e crescimento harmonioso dos nossos jovens.
No mundo em que se tende para a massificação, é imprescindível construir uma educação que fomente a definição pessoal.
Concluindo, dever-se-ia realizar um verdadeiro trabalho de prevenção para que as adolescências futuras, tais como algumas hoje já o são, elaborando um programa, uma planificação que envolvesse os mais diversos sectores sociais. Um empreendimento multidisciplinar do qual façam parte adolescentes, psicólogos, educadores, intelectuais, políticos e outros, a fim de determinar as necessidades e estabelecimento de parâmetros que permitam a um adolescente interagir em sociedade sem que esta acelere ou retarde o seu processo de crescimento.


Colegas:
Tentei pesquisar um pouco sobre o conceito “adolescência” pois pensei que poderia ser útil ter bem presente na nossa acção educativa, em contexto escolar, o que este termo tem por base, pois só conhecendo é que podemos actuar e agir.

Bom trabalho
Paula Arnaud

domingo, 6 de dezembro de 2009

A importância da escola na vida do adolescente

A importância da escola na vida do adolescente

A importância da escola não está apenas nos conteúdos pedagógicos que transmite (havendo cada vez mais quem considere que nem sequer é a maior) pois exerce vários outros efeitos sobre o aluno. Diversas aprendizagens que não estão previstas no currículo formal são experimentadas pelo adolescente durante a sua vida escolar, constituindo-se como uma grande experiência de socialização, de convívio com as diferenças, de todos os tipos e em todos os níveis. É nesse território que se dão encontros e relações, que o jovem questiona valores e começa a esboçar o seu projeto de vida. É, muitas vezes, onde o adolescente tenta encontrar/formar o seu "grupo de iguais". Para além disso, na escola o adolescente tem a oportunidade de conviver com outros adultos que não os seus pais e de identificar outros modelos de referência, o que tem uma repercussão marcante na consolidação da sua auto estima, tanto no sentido positivo quanto no negativo.
Como uma obra em construção, a adolescência acontece principalmente em espaço escolar, onde o jovem passa boa parte do seu dia , podendo dizer-se que a escola representa o "microcosmo da sociedade", no qual o adolescente se prepara para lidar com situações com que se defrontará "no mundo lá fora". (Que bom seria que o fizesse da melhor forma!)

Assim, tendo a escola todos estes efeitos e repercussões sobre o adolescente, correspondendo a uma experiência que afecta todos âmbitos da vida, podemos e devemos questionar até que ponto o actual modelo educacional tem contribuído para o desenvolvimento equilibrado das múltiplas potencialidades do ser humano, indispensáveis para a sua formação global?

É apenas um ponto de reflexão que pretendo aqui lançar, na certeza de que não encontraremos resposta total, mas , ainda assim, com a convicção de sempre poderemos contribuir para uma maior e melhor compreensão da realidade.

Maria

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Suicídio na Adolescência

Considerado como um fenómeno complexo e multifacetado, o suicídio representa para a sociedade portuguesa a segunda maior causa de morte nos jovens entre os 15 e os 24 anos. Embora, nos últimos anos, o número de suicídios em Portugal tenha diminuído, as tentativas de suicídio e os comportamentos de risco (ou parasuicídas), nesta faixa etária, têm aumentado.

A TENTATIVA DE SUICÍDIO: SINTOMAS E SINAIS DE ALERTA

Daniel Sampaio refere que o período da adolescência é uma fonte inesgotável de criatividade individual e familiar, um cenário de trocas afectivas intensas e onde a vida e a morte surgem constantemente. É exactamente neste quadro complexo que tantas vezes surge a tentativa de suicídio. Neste contexto, parece-nos fundamental referir o problema da depressão tendo em conta que «não existe adolescência normal sem depressão, se considerarmos o conceito mais lato de depressão, que se caracteriza por uma baixa de auto-estima». Nesta perspectiva, parece-nos legítimo falarmos de momentos depressivos na adolescência, como resposta a situações de frustração e perda que ocorrem durante este período pelas mais variadas razões. Estes momentos depressivos são, na nossa perspectiva, fulcrais já que, se por um lado e, em alguns casos, o adolescente consegue autonomamente ultrapassá-los, por outro, muitas vezes, tais frustrações acentuam-se e culminam num estado clínico de depressão agravado por outras situações negativas que, entretanto, vão ocorrendo e que, em muitos casos, não são perceptíveis nem fáceis de detectar. Contudo, são conhecidos os sintomas mais comuns que denotam, à partida, as chamadas crises da adolescência, pelo que deveremos estar atentos. Verifica-se frequentemente, por exemplo, alterações de humor onde, em alguns casos, passa a predominar a tristeza e, consequentemente, uma forte tendência para chorar. Outros sintomas que consideramos pertinentes prendem-se com o uso de drogas e álcool, com um estado permanente de ansiedade que, muitas vezes, é demonstrado através de alterações bruscas de comportamento e até da própria personalidade, e, finalmente, com uma certa despreocupação, senão abandono, pouco usual da sua própria aparência física.


É difícil compreender e aceitar o suicídio de um adolescente, mas nunca nos devemos esquecer que o aparente bem-estar de um jovem pode esconder um grande sofrimento interior e só uma relação de maior proximidade poderá detectar. Assim, todos nós, pais, professores, amigos e familiares devemos, então, estar disponíveis e atentos a tudo o que se passa à nossa volta, para tentarmos evitar um gesto fatal.

É do conhecimento geral que, para estes adolescentes cujas perturbações emocionais condicionam um fraco rendimento escolar e problemas na escola, «aprender a viver», como refere Sampaio (1991), será o primeiro e decisivo passo para a sua evolução. Para isso, é essencial a reconstrução de uma identidade básica que facilite um novo modelo de relação com o adulto que lhes está próximo, para que possam progressivamente recuperar a confiança, primeiro em si mesmos e só depois nos outros em geral, no mundo. Sabemos que o trabalho é longo e nem todos conseguirão sobreviver ou recuperar para a sua própria vida, para a escola, para uma profissão, para a sociedade. Mas é de pequenos gestos que se podem mudar alguns destinos que, deixados à sorte, levarão sucessivamente ao absentismo, insucesso, desinserção socioprofissional, toxicodependência, marginalidade, tendo como destinos últimos os hospitais, a prisão, a rua ou simplesmente, e o que mais tememos, a um cemitério.

Sandra Alves Soares