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Adolescência em Contexto Escolar: Factores que tornam a adolescência uma etapa tão vulnerável

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Factores que tornam a adolescência uma etapa tão vulnerável

Quais são os factores que tornam a adolescência numa etapa tão vulnerável?



Quando falamos em suicídio, imediatamente pensamos na adolescência. Antes da adolescência, as tentativas de suicídio são muito raras. Este facto leva-nos a colocar imediatamente a questão: quais os 'ingredientes' da adolescência que a tornam uma etapa de vida tão vulnerável? Se todos passamos por esta etapa desenvolvimental, quais são os adolescentes que podemos considerar em risco?Falar em suicídio na adolescência exige a compreensão do que é ser adolescente e dos desafios que lhe são colocados. Embora correndo o risco de ser reducionista, gostaria de reflectir sobre três factores que têm um significado especial para todos os adolescentes: a sua relação com os pais, a relação com os pares e a relação com o próprio corpo. São dificuldades sentidas nestas diferentes áreas que geralmente estão na origem da decisão de pôr termo à vida. Não é um acontecimento isolado que leva a esta decisão, como, por exemplo, uma discussão com os pais ou o final de uma relação de namoro. Estes acontecimentos geralmente desempenham apenas a função de espoletar a tentativa de suicídio, embora o sofrimento e desespero já se venham a arrastar há muito tempo.
Os pais, os pares e o próprio corpo: três facetas que irão marcar pela positiva ou pela negativa o desenvolvimento do adolescente.
Os pais dos adolescentes suicidas têm muita dificuldade em aceitar o processo de autonomização dos filhos. Estes não conseguem conviver com a ideia de que os adolescentes têm cada vez mais necessidade de ter os seus próprios pensamentos e sentimentos e de tomar as suas próprias decisões, de uma forma cada vez mais independente dos pais. Face a esta pouca abertura da família, o adolescente sente uma profunda incapacidade de expressar os seus sentimentos negativos de uma forma normal e construtiva. Estas famílias são marcadas pela rigidez, alta coesão e baixa capacidade de estabelecer relações sociais. Se viu o filme 'As virgens suicidas' de Sofia Cappola, estará provavelmente a fazer a ponte com o que acabei de referir. Quanto aos pares, estes desempenham um papel muito importante na vida do adolescente. É no contexto do grupo que ele faz descobertas importantes, faz confidências, discute os seus pensamentos íntimos e as suas preocupações, sabendo que será levado a sério e ajudado. O adolescente suicida apresenta uma grande incapacidade para construir novas relações, tendo muita dificuldade em arriscar este tipo de intimidade de igual para igual. A visão negativa que estes adolescentes têm de si e as suas grandes dificuldades relacionais e de comunicação explicam a sua dificuldade de integração social e a sua tendência para o isolamento. O evitamento do contacto social ou de qualquer actividade com os pares pode ser um sinal de alarme. Centremo-nos agora na última faceta: o corpo. O corpo resultante da puberdade é um corpo com o qual não é fácil lidar. Neste corpo localiza-se a identidade sexual do adolescente, as suas necessidades e fantasias sexuais, que normalmente geram sentimentos de ansiedade e culpa. As primeiras tentativas de usar sexualmente o corpo, quer através da masturbação, quer em outra actividade sexual, conduz a elevados sentimentos de anormalidade e culpabilidade.


Excerto de um artigo da Psicóloga Adriana Campos

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